sexta-feira, 30 de abril de 2010

O povoado dos Castelos

Um dos sítios arqueológicos mais interessantes existente nas proximidades do Ozendo é o povoado dos Castelos. Fica a pouco mais de 1 km de distância da localidade, para norte da estrada municipal 538-1, que liga Ozendo ao Soito.

No topo aplanado de um relevo com cerca de 860 metros de altitude, de encostas íngremes viradas para o vale da ribeira de Palhais, observam-se alguns vestígios de cerâmica e líticos (pedras) que testemunham uma ocupação humana recuada ao Iº milénio a.C. – sendo um núcleo arqueológico com cerca de 2500-3000 anos de antiguidade.

Aí detectámos diversos fragmentos rolados de cerâmica feita à mão e a torno, duas pedras de granito de moinhos manuais circulares e uma interessante conta de colar feita de uma pedra negra bastante polida, que não existe na região, semelhante ao basalto. Pela sua raridade, esta peça encontra-se exposta no actual Museu do Sabugal, na vitrina dos elementos decorativos da Proto-história.


Foto de Arménio Bernardo - Inventário fotográfico do
Museu do Sabugal


O local encontra-se coberto de bastante vegetação e mato, dificultando a análise detalhada do sítio. Já não se vislumbram quaisquer vestígios à superfície de ruínas construtivas habitacionais ou defensivas. Mas, pelo tipo e qualidade dos materiais e pela sua morfologia topográfica, é provável que se trate de um pequeno povoado da Idade do Ferro, habitado em época anterior à chegada dos romanos à Península.

O sítio chamou-nos a atenção pelo seu topónimo Castelos. Esta atribuição popular do nome “castelos” ao lugar parece evidenciar que, já desde há muito tempo atrás, as pessoas sabiam da existência de muros no topo deste relevo. Não sabemos se este assentamento humano era fortificado ou não, pois já não se avistam quaisquer indícios do derrube das pedras de uma possível muralha. Mas, pode estar coberta pela vegetação ou a pedra ter sido totalmente reutilizada nos muros e nas casas da povoação.

Por informação pessoal, ficámos também a saber que existe outro microtopónimo associado ao local - a Tapada de Sinos. O nome pode dever-se ao facto de alguém ter encontrado, na lavoura, um objecto metálico parecido com um sino. Mas, não seria de estranhar a possibilidade de aquilo a que chamaram um sino ter sido um recipiente, um elmo ou qualquer outro objecto de bronze associado a estes vestígios antigos.

Um dos aspectos curiosos deste sítio é a sua localização nas proximidades de um caminho velho que vai desde o vale do Côa até ao vale do Águeda, permitindo a ligação entre o povoado proto-histórico do Sabugal e o outro grande povoado do Alto Côa que é o Sabugal Velho, na freguesia de Aldeia Velha. Este sítio dos Castelos do Ozendo fica, praticamente, a meio destes dois importantes núcleos habitacionais contemporâneos, conhecidos no actual concelho do Sabugal. Possui, em relação a eles, um distanciamento suficiente para poder dominar um extenso território de exploração agrícola, pastorícia e caça, sem entrar em conflitos territoriais, estando comunicáveis por meio desse caminho antigo, pelo qual circulavam também produtos exógeneos, vindos de terras mesetenhas ou do sul peninsular. Alguns pedaços de cerâmica recolhidos nos Castelos do Ozendo, feitos com pastas muito finas, a torno, que costumam trazer pinturas avermelhadas, são nitidamente de proveniência meridional. Também a conta de colar poderá ter aqui chegado por trocas com mercadores que circulavam nesta via.

É provável que aqui residisse uma pequena comunidade de Vetões, porque a nascente do rio Côa, estamos em pleno território residência deste grande povo peninsular. Mais para poente, fariam fronteira com os nossos bem conhecidos Lusitanos.

O sítio terá sido abandonado com a chegada a estas terras dos romanos e o início do processo de romanização, que provocou o abandono destes povoados altaneiros, para passar a viver em locais mais baixos e próximo das linhas de água – como por exemplo no Nabal do Teixo (Torre). Esta estação merecia uma intervenção arqueológica cuidada, se houvesse disponibilidade de tempo e meios financeiros para a programar. Enquanto esses requisitos não se reunem, zelemos para que não sejam destruídos os vestígios que ainda existem, por qualquer tipo de acção humana vandalizadora.

Marcos Osório - Arqueólogo da Câmara Municipal do Sabugal

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Inter - Freguesias 2010 - 1ª jornada

Bombeiros do Soito - Ozendo

No passado dia 24 de Abril, realizou-se no Soito, às 17h30, o primeiro jogo do Ozendo no Inter -Freguesias deste ano. De referir, que o Ozendo estreou equipamentos novos, patrocinados pelas “Construções do Côa” (António Saloio).

Apesar do Ozendo ter entrado bem no jogo, marcando um golo logo aos primeiros segundos (golo apontado pelo Telmo), a sorte depois não favoreceu a equipa, tendo o resultado ficado 5-4, a favor dos Bombeiros do Soito. Os outros golos foram marcados pelo Mias (2) e pelo Paleco (1).

Depois do jogo, o convívio continuou no quartel dos Bombeiros do Soito, onde se discutiram os casos do jogo, tendo como companhia as febras e entremeada assada!

O próximo jogo será Ozendo – A.C.P. Fóios, no próximo dia 2 de Maio, às 17h30. Como a nossa terra não tem ringue, terá que jogar em casa emprestada, pelo que o jogo realizar-se-á no Pavilhão das Piscinas do Sabugal.

Mais informações, podem consultar o blog do Inter- Freguesias 2010: http://sbg-if10.blogspot.com/

E aqui fica a equipa deste ano:
Em cima: Zé Joaquim (treinador), Saldanha, Telmo, Xane, David, Bruno.
Em Baixo: Mias, Zé João, Paleco, Pacata, Nobre, Artur.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O OZENDO O BENFICA E O FUTSAL (FUTEBOL DE SALÃO)




Hoje, que o BENFICA se sagrou pela primeira vez campeão Europeu de Futsal,  vem à memória e resolvemos aqui, justificar e enaltecer o papel que a nossa aldeia  teve no desenvolvimento da modalidade.

No mínimo, o Ozendo tem uma página escrita na Pré-História senão na Historia do Futsal no nosso País. Em 1986 ano em que o Benfica, ou qualquer outro clube estavam longe de criar uma equipa de Futsal,  já outros, ainda sem competições oficiais, tentam justificar a sua importância no desenvolvimento da  modalidade.

Ora, já dez anos antes, no longínquo ano 1976, os então jovens do Ozendo começam a prática do ainda incipiente futebol de salão – ou seria futebol de cinco (?) – pela mão dos estudantes da residência Universitária Ribeiro Santos que à falta de praticantes nos convidavam para jogar no Parque desportivo do 1º de Maio em Lisboa. Estes treinos que fazíamos regulamente, quando em Portugal ainda mal se sabia e não se distinguia o futebol de salão do futebol de cinco, deram os seu frutos.

No ano seguinte em 1977 a Casa do Concelho do Sabugal incentivada também por nós, começou por organizar um dos mais prestigiados até então, senão o mais prestigiado, torneio de futebol de salão (Futebol de cinco) no Campo do Cruzeiro na Ajuda em Lisboa, onde o Ozendo, se inscreveu vindo a ser campeão nesse e noutros torneios que se seguiram. De notar que nesse ano, também “transportamos” a modalidade para o Sabugal onde nesse verão viemos a ganhar um torneio, ele sim, muito participado.

A nossa equipa nessa altura ganhou uma tal auréola de campeões que já ecoava pela cidade de Lisboa, mais nos meios universitários. Eram frequentes os convites que recebíamos para jogar com as mais diversas equipas, nem sempre infelizmente, podendo corresponder-lhes. Era visível que os jovens se sentiam motivados cada vez mais para  prática deste desporto..

Estava lançada a semente do Futsal, que só começaria a ter implantação em meados da década de oitenta quando o Torneio da casa do Concelho de Sabugal já era uma das mais conceituadas e antigas organizações da modalidade em todo o país.

As referências  cronológicas do Sr. Eduardo Pinto,

Ex-Presidente da Federação Portuguesa de Futsal e ex-Vice presidente do Coimbrões são bem elucidativas, verdadeiro testemunho de como o Ozendo foi um dos primeiros campeões de torneios devidamente organizados e com projecção, ainda em 1977. Diz o Sr. Eduardo Pinto:

«Em 1986, sobretudo no verão, realizaram-se grandes torneios de futebol de salão, nomeadamente três deles atingiam uma enorme expressão, quer em termos de praticantes quer em termos de público, falo dos Torneios do F.C. Gaia, Infantes Sagres e Académico.


Continuando a falar do 1º dia do Futsal em Portugal, registe-se o facto de a escritura de fundação da Associação de Futebol de Salão do Porto, realizada no dia 25 de Fevereiro de 1986


Chegamos então à data mítica de 1990, data da realização do II Campeonato da Europa de Futebol de Salão.


Após semanas de negociações realiza-se uma Assembleia-geral da Federação para atribuir a organização do Europeu. Com esta candidatura forte foi decidido realizar no Porto o Europeu, que decorreu com enorme brilhantismo». (adaptado)

Como se vê são muito posteriores, os torneios de bairro considerados importantes em relação aos organizados pela Casa do Concelho do Sabugal.  Os  torneios Nacionais e Internacionais virão muito depois.


Fica aqui uma humilde homenagem aqueles que, com  sacrifícios pessoais, económicos e outros,  muito souberam dignificar a sua terra.

Por ordem alfabética os atletas participantes:

Abílio Gonçalves                                                        José António Carriço

Carlos A. D. Carriço                                                  José João

Carlos A. Silva                                                           José Joaquim

Carlos Fonseca                                                          Manuel Robalo

Fernando Gonçalves                                                  Vítor Braz

José Alexandre Carriço





Uma das equipas, campeã:
em cima-Vítor Braz, Carlos Carriço, José Joaquim;
em baixo- José Alexandre Carriço. Fernando Gonçalves, Zé Carriço (Zé Tó)

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Alminhas

As Alminhas são pequenos altares, de culto aos mortos, frequentemente decorados com cenas do Purgatório. Encontram-se, geralmente, erguidas em encruzilhadas de caminhos, quase sempre rurais, em matas ou perto de cursos de água, podendo também estar incrustadas em velhos muros ou na frontaria de casas.

Não se sabe a origem da sua construção, mas a crença de deuses protectores nos caminhos é muito antiga. Os antigos gregos, ao longo dos caminhos e encruzilhadas, ergueram pequenos monumentos dedicados a Apolo, Hécate e Hermes, os celtas também prestavam culto a divindades nestes locais. Já os Romanos veneravam os Lares Compitales, deuses das encruzilhadas. Mas, enquanto os altares romanos tinham como finalidade a protecção dos campos e dos viajantes, as Alminhas apenas pedem a oração dos que por elas passam, em favor das almas do Purgatório.

Foi a partir do Concílio de Trento, 1563, que o dogma da existência do Purgatório foi fortemente difundido, assim como o costume da “encomendação das almas”.

No Ozendo existem duas alminhas; uma junto ao Tanque de lavar a roupa, e outra no caminho depois da Ribeira. Ambas de granito, a primeira com a data de 1796 e a outra de 1800 (?).

A primeira apresenta a data por cima do oratório, exibindo este ainda vestígios de pintura. A coluna, decorada por linhas onduladas, parece ser anterior e um elemento reutilizado. Já a segunda alminha, apresenta data por baixo do oratório, tendo a coluna também elementos inscritos.

Posteriormente, faremos estudos individuais e mais pormenorizados de cada alminha, tratando-se estas de vestígios significativos da arte popular portuguesa.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Iº Passeio TT do Ozendo

No passado dia 27 de Março realizou-se o I Passeio TT do Ozendo, com S. Pedro a ajudar à festa! Apesar da chuva da sexta, sábado amanheceu cheio de sol, propício ao passeio e à diversão.

Por volta das 9h30m da manhã e depois das formalidades de inscrição, iniciou-se o passeio TT, este com cerca de 80 km e com a presença de cerca de 20 motos.

Assim, do Ozendo e a toda a velocidade, passou-se pelo Soito em direcção a Sacaparte (Alfaiates), onde já estava à espera o pequeno- almoço. Entre sandes, minis e o copo de vinho, houve ainda tempo para algumas acrobacias e a fotografia de grupo da praxe.

A próxima paragem foi em Aldeia da Ponte, onde alguns participantes aproveitaram para encher o depósito das suas motas e para encher os seus próprios depósitos!

Por trilhos de terra batida, o passeio continuou pelas Batocas, Aldeia da Ribeira, Rebolosa, Aldeia da Dona, Nave, Vila Boa e Rendo, com as primeiras motas a aparecer no Ozendo, já passava das 13h30 para o almoço. A lama era mais que muita, estando alguns motards praticamente irreconhecíveis!

A fome já apertava e a feijoada não tardou a ser servida! Para o almoço eram mais de 50 pessoas, que brindaram ao sucesso da prova e à realização de mais edições!

Os motards mais afoitos ainda se aventuraram por mais trilhos durante a tarde, regressando à hora do jantar. No dia 27 de Março era dia de Benfica - Braga e ninguém quis perder o jogo.

Por volta da meia - noite o Dj. Luís F. “deu-nos música” e a festa durou já passava das 7 da matina! Os shots e sangria não faltaram e animaram a malta!

Por fim, um obrigado a todos os de Alfaiates, Rendo, Nave, Soito, Sabugal e Vila Boa que apareceram e ajudaram à festa!

sexta-feira, 9 de abril de 2010

E os sinos tocaram depois da meia-noite!

Seguindo uma antiga tradição, os rapazes de Ozendo subiram à torre do sino da Igreja no passado sábado de Páscoa, para depois de soar a meia-noite, tocarem os sinos. Com este acto celebra-se a Aleluia e a Ressurreição de Jesus Cristo.

Acompanhados das minis e revezando-se entre eles, durante 30 minutos ninguém dormiu no Ozendo, já que os sinos não pararam de tocar. Sinos esses que já fazem parte do património da nossa terra, um deles feito no Porto, data de 1982, conforme se pode depreender pela inscrição que apresenta, o outro, mais recente, foi executado em Braga.

De referir, que durante esse sábado os rapazes foram também às galhas para o novo forcão que se pretende construir para a tourada deste ano. No Natal já tinham ido buscar alguns paus. Carne assada e vinho marcou o almoço que depois se realizou na Praça de Touros.

Para a tarefa de construção de um novo forcão esperamos contar com a ajuda de todos, de forma a continuar esta tradição que é tão nossa!