terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Vassouras


Já aqui vimos fotografias de vassouras feitas com o bracejo e almeirão que são ainda produzidas e utilizadas no Ozendo, já que ao redor da Terra é abundante a matéria-prima.

As vassouras de bracejo, mais pequenas e finas são utilizadas no interior das habitações, geralmente empregadas para varrer ao redor das lareiras, para deitar o lixo directamente para o lume. Já as vassouras de almeirão, de maiores dimensões e mais robustas, eram utilizadas para varrer as Eiras na altura das Malhas.

Como o malhar do centeio já não é uma prática habitual, as vassouras de almeirão são usadas no exterior, para varrer escaleiras e na rua.

No livro “Terras de Riba-Côa – Memórias sobre o Concelho do Sabugal (1946)”, de Joaquim Manuel Correia, em texto sobre a Malha, são mencionadas as vassouras de almeirão:

"Acabado de ceifar o centeio, são atados os molhos com nagalhos de palha do mesmo, e depois juntos em pousadas ou rolheiros.Os molhos são formados pelas gavelas, isto é, pequenas porções de centeio que o ceifador vai juntando e que têm um certo número de mãos cheias. Passados dias segue-se a acarreja do pão para a eira, onde se fazem medas mais ou menos elevadas conforme a seara.

As malhas começam alguns dias depois da acarreja do pão (…).

Convidados os malhadores, começa o serviço da malha por deitarem ou fazerem a eirada, espalhando o centeio na eira, ficando as espigas todas de cima. Os valentes malhadores, metade de cada lado, batem alternadamente com os manguais e, depois de darem a primeira volta à eirada, viram o centeio e malham este novamente (...).

Depois, vêm as espalhadeiras, que tiram a palha, sacudindo bem para não levar grão, sendo depois atada em fachas (…).Concluída a última eirada levanta-se o pão, isto é, muda-se com uma pá de madeira de carvalho, para que o vento leve a moinha, operação que se repete até o centeio ficar limpo. O centeio que vai caindo em monte é cercado por uma ou duas espalhadeiras, que o vão acuanhando com vassouras de almeirão, que abunda muito no concelho (do Sabugal).

Depois é medido, ensacado e conduzido para casa deitando-o em arcas de castanho ou carvalho. Se o pão fundiu, se deu fundição, cada cinco molhos ou pousadas dão perto de dois alqueires ou meia fanga, fanega em termo vulgar.Por fim levam-se os sacos para o carro, uns, ao ombro, com uma das mãos segurando o saco e com a outra apoiada no quadril, outros, a dois, dando um a mão direita ao outro, assentando ali o saco, que com as outras equilibram.

Junta que leva dezasseis sacos não é pêca, dizem os lavradores. E para que não haja desastres pelo caminho, prepara-se a tempo o carro, examinado convenientemente o chedeiro, desde a cabeçalha às chêdas, coições, estrituras, tornos, chavelha, eixo, miúdos, cambas do rodado, até aos estadulhos (…). A chavelha mal segura, ou o tamoeiro que rebenta, a soga que se desata ou o jugo que parte, apesar de ser de duro freixo, uma roda que se tira, ou o eixo que arde, tupo o põe em risco dum desastre.

Concluídas as últimas operações da malha (…) aparecem as rebuscadeiras a escolher algum grão que escapasse na moinha arrastado pelo vento."


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