Já aqui vimos fotografias de
vassouras feitas com o bracejo e almeirão que são ainda produzidas e utilizadas
no Ozendo, já que ao redor da Terra é abundante a matéria-prima.
As vassouras de bracejo, mais
pequenas e finas são utilizadas no interior das habitações, geralmente
empregadas para varrer ao redor das lareiras, para deitar o lixo directamente
para o lume. Já as vassouras de almeirão, de maiores dimensões e mais robustas,
eram utilizadas para varrer as Eiras na altura das Malhas.
Como o malhar do centeio já não é
uma prática habitual, as vassouras de almeirão são usadas no exterior, para
varrer escaleiras e na rua.
No livro “Terras de Riba-Côa –
Memórias sobre o Concelho do Sabugal (1946)”, de Joaquim Manuel Correia, em
texto sobre a Malha, são mencionadas as vassouras de almeirão:
"Acabado de ceifar o centeio, são atados os molhos com
nagalhos de palha do mesmo, e depois juntos em pousadas ou rolheiros.Os molhos
são formados pelas gavelas, isto é, pequenas porções de centeio que o ceifador
vai juntando e que têm um certo número de mãos cheias. Passados dias segue-se a acarreja do pão para a eira, onde se fazem medas mais ou menos
elevadas conforme a seara.
As malhas começam alguns dias depois da acarreja do pão (…).
Convidados os malhadores, começa o serviço da malha por deitarem
ou fazerem a eirada, espalhando o centeio na eira, ficando as espigas todas de
cima. Os valentes malhadores, metade de cada lado, batem alternadamente com os
manguais e, depois de darem a primeira volta à eirada, viram o centeio e malham
este novamente (...).
Depois, vêm as espalhadeiras, que tiram a palha,
sacudindo bem para não levar grão, sendo depois atada em fachas (…).Concluída a
última eirada levanta-se o pão, isto é, muda-se com uma pá de madeira de
carvalho, para que o vento leve a moinha,
operação que se repete até o centeio ficar limpo. O centeio que vai caindo em monte é cercado por uma ou duas
espalhadeiras, que o vão acuanhando
com vassouras de almeirão, que abunda muito no concelho (do Sabugal).
Depois é medido, ensacado e conduzido para casa
deitando-o em arcas de castanho ou carvalho. Se o pão fundiu, se deu fundição,
cada cinco molhos ou pousadas dão perto de dois alqueires ou meia fanga, fanega
em termo vulgar.Por fim levam-se os sacos para o carro, uns, ao ombro, com uma
das mãos segurando o saco e com a outra apoiada no quadril, outros, a dois,
dando um a mão direita ao outro, assentando ali o saco, que com as outras
equilibram.
Junta que leva dezasseis sacos não é pêca, dizem os
lavradores. E para que não haja desastres pelo caminho, prepara-se a tempo o
carro, examinado convenientemente o chedeiro, desde a cabeçalha às chêdas, coições, estrituras, tornos, chavelha,
eixo, miúdos, cambas do rodado, até aos estadulhos (…). A chavelha mal segura,
ou o tamoeiro que rebenta, a soga que se desata ou o jugo que parte, apesar de
ser de duro freixo, uma roda que se tira, ou o eixo que arde, tupo o põe em
risco dum desastre.
Concluídas as últimas operações da malha (…) aparecem
as rebuscadeiras a escolher algum grão que escapasse na moinha arrastado pelo
vento."
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