quinta-feira, 7 de abril de 2011

IIº Passeio TT Ozendo

O tempo cinzento com que o sábado dia 26 de Março acordou, não estragou a festa. Cerca de 50 motos juntaram-se no Ozendo para um passeio de convívio, animação e muita lama!

Depois de formalizadas as inscrições, a partida deu-se às 9h30, para um passeio por diversas zonas da nossa Raia. Houve paragem para o pequeno-almoço e mais algumas para molhar a garganta.

A chegada à sede da ARCO deu-se por volta das 13h30, onde já estava à espera uma bela feijoada. Para o almoço reuniram-se mais de 100 pessoas.

Depois do estômago aconchegado, realizaram-se algumas acrobacias com as motos nas traseiras da ARCO. Realizou-se também a Prova dos Lentos, que consiste em chegar a um determinado ponto, de moto, da maneira mais lenta possível. Ganhava quem chegasse em último lugar.

O Jogo do Prego também se realizou, provocando algumas risadas, já não se acertava no prego!

Chegada a noite, altura do jantar constituído por creme de marisco e carne assada. O jantar foi a primeira etapa de uma noite que se iria prolongar. O Karaoke, apesar da timidez inicial, revelou umas belas e inesperadas vozes!


























































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segunda-feira, 4 de abril de 2011

domingo, 3 de abril de 2011

O Ozendo e as Invasões Francesas (continução)

Contos da nossa terra

O destacamento de Merle onde se integrava a Companhia do Capitão Jaques perfilava-se a leste encostada às tropas de cavalaria, no morro sobranceiro ao Gravato de frente para a margem do Côa, quando de súbito sem que tal, fosse de todo esperado, começaram a receber canhoada pelo flanco esquerdo do batalhão de infantaria comandado por Beckwith com  tropas inglesas e portuguesas.

Entretanto, na retaguarda no sítio do Teixo, a quatro quilómetros para o lado da fronteira, estava estacionada a parafernália: - os parcos víveres, os saques das aldeias vilas e cidades, as dezenas de burros, mulas e carros de bois, ovelhas, cabras, coelhos e cães. As raridades em ouro, prata as pedras douradas de ançã, incluindo as da Sé da Guarda – todo um espólio riquíssimo “varrido” desde a retirada de Lisboa.

Quando ribombaram os tambores para a fuga, foi um vês se te avias para enterrar os artefactos mais pesados e difíceis de transportar num local de fácil identificação. Disso, o Capitão Jaques, tinha encarregue o ajudante Michel Platini homem fiel e desembaraçado. Este, à cautela já de véspera tinha mandado uma quadra de soldados abrir uma vala recôndita lá mais abaixo numa carvalheira bem cerrada entre quatro negrais centenários.

Na fuga apressada só houve tempo para recolher as peças mais preciosas. Na confusão entre vacas, mulas burros cabras, houve tempo para esconder no meio de palhiço apanhado à pressa - as peças de ouro e prata mais pesadas cruzes, cálices,candelabros, salvas, e até pesadas correntes – em cima de carros de bois.

Ala que se faz tarde: foi o salve-se quem puder como diria a frase que ficou famosa proferida nessa  altura pelo ti Carrapatinho.

Foi um derrubar de paredes aqui, um saltar cômaros além, atravessar ribeiros e declives, numa frente desordenada de quilómetros de largura. O Jaques que se juntara a Michel ainda no início da debandada, seguiram por entre prados e lameiros em direção à Nabijola, contornaram o Pião escudados por altos muros de pedra, até serem barrados pelas milícias que descendo a Devesinha seguiram no seu encalço. Estas com Domingos Tate à frente dos seus homens, porque surgissem de surpresa,  do emaranhado de casas que tão bem conheciam, foram dar de caras com o capitão Jaques. Enquanto se travavam de razões entre, o atacas tu ou ataco eu, mais atrás na coluna o Michel encarregava-se de levar a cabo aquele que era o plano B, esconder fosse como fosse, o tesouro amealhado, ou melhor espoliado. Uma secção intermédia da coluna encarregou-se de proceder a uma manobra de diversão, simulando que atacavam pelos flancos as ruas desertas da aldeia. Do outro lado da coluna, mais atrás, numa confusão mais ou menos aparentemente organizada, quanto discreta, a soldadesca esgueirava-se num vai e vem contínuo levando tudo o que pudessem. Enquanto isso os homens habituados a abrir as trincheiras cavavam e enterravam num corrupio estropiado as preciosas peças que lhes faziam chegar. O Michel Platini que entretanto se avizinhara, tomava notas da localização: fim de quelha, a Poente, esquina de casa, a Sul, parede rural, a Norte e portal de saída, a Nascente.

O Capitão Jaques deixou-se voluntáriamente ficar por estas paragens  num turbilhão de sentimentos dividido entre o refém e o desertor, em troca de uma paz desejada por ambos os lados  e da  progressão das suas tropas em direção a Alfaiates. Foi mantido  em cativeiro numa espécie de caverna de uma lúgubre habitação no centro do Ozendo. Foi libertado poucos dias depois pela população, após o que, de espontânea e  livre vontade ter dado a conhecer aos vizinhos da povoação parte do tesouro que sabia escondido. Veio a casar com uma aldeã Maria Alves Tate, também ela descendente de um oficial Inglês de baixa patente. Deixaram descendência, da qual, alguma ainda hoje se mantém na aldeia.
A parte do tesouro que continua escondido um pouco por todos os arrabaldes da povoação, ficou para alimentar a lenda.
                                                                                                                                                                              Por: Cadc
                                                                                 Fim

quarta-feira, 30 de março de 2011

O Ozendo e as Invasões Francesas

Contos da nossa terra

- Escrevemos em 29 de Maio de 2009:
“É uma zona peculiar (entenda-se o Ozendo), dada a sua proximidade com Espanha, por causa do contrabando e não só. Invasões Francesas e outras escaramuças da raia. Também este assunto trataremos noutra oportunidade.”

Como  prometemos, quando fizemos uma resenha Histórica sobre o Ozendo,  agora, que se cumprem 200 anos da passagem da batalha do Gravato  e da fuga  da soldadesca – muitas vezes acossada pelas populações locais na nossa região e também aqui pelo Ozendo - vimos cumprir o prometido tratando este assunto.
Reza a lenda, (quem da nossa geração, não se lembra de ouvir falar de tesouros enterrados algures pelos soldados acossados e tementes das populações que os perseguiam? Eu por mim quase ia jurar que até sei, com o imaginário infantil, onde esse tesouro está escondido. O ti João Cocheiro também supunha saber onde estava. Pelo menos levou os cunhados, o ti Bel e o ti Benjamim a pensarem o mesmo, já que passaram uma noite a cavar debaixo de um barroco à procura do dito). Nos seus ouvidos ainda ressoavam ecos, certamente contados por pais ou avós que sofreram na pele os horrores da guerra, histórias mais ou menos verídicas.










Em cima: O Ti Bel (Abel) Ti Benjamim, Ti João Cocheiro  (João Pereira)








Ora, as lendas todos bem sabemos, têm sempre um fundo de verdade e não seria nada inverosímil que houvesse verdadeiros tesouros escondidos no nosso limite.
E porquê? Perguntaremos nós. A última e derradeira batalha que garantiu livrar-nos do jugo de Napoleão Bonaparte, mau grado, os benefícios proclamados por Descarte, Voltaire Rousseau e Montesquieu – igualdade, liberdade e fraternidade – só terem chegado uma década mais tarde a Portugal, foi a Batalha do Gravato na margem direita onde hoje se situa a barragem do Sabugal.

Muitas peripécias de lado a lado dos contendores se verificaram:
“Estamos a 3 de Abril de 1811 ”as tropas de Massena depois de levantado o intenso nevoeiro são surpreendidas, pelas tropas anglo lusas que atravessando a vau o rio Côa na zona das Pladas – pensamos que junto ao moinho do Saloio até à quinta da Carrola - atacam pela retaguarda desbaratando por completo os batalhões franceses em fuga.



O Jaques, era um típico jovem oficial francês, daqueles a quem a barba rija chegava quase até aos olhos. Fazia parte do batalhão de infantaria comandado por Merle. Jaques desde há muito que dando ordens aos seus subalternos vinha arquitetando um plano para quando tudo acabasse, levar um bom espólio até terras da Gália. Ele sabia que as vicissitudes da guerra trazem sempre cometimentos atrozes.

Estamos a dezanove de Março de 1811. Colunas marchavam ao ritmo a que podiam e as deixavam:
«Nenhuma pequena aldeia ou povoação, escapa a esta onda de assaltos, em busca de víveres para a sobrevivência das tropas francesas. Desde as batalhas da Redinha e de Foz de Arouce, que os franceses não conseguem grandes quantidades de alimentos, para conter a fome de mais de quarenta mil homens. Apenas nos campos e encostas de Poiares, conseguiram algumas ovelhas e cabras velhas, que cozeram em vinho com cebolas, mas que nem o cheiro chegou a toda esta tropa esfomeada. Ontem foram assaltadas dezenas de povoações. Arganil, Sarzedo e todas as povoações do flanco direito das tropas francesas foram ontem assaltadas, mas o abastecimento foi fraco.
Os assaltos laterais ao movimento das tropas, é uma estratégia de defesa da movimentação dos vários Corpos do exército Francês, cada um comandado por um general, sob as ordens do comandante em Chefe, Marechal Massena.
Na pequena aldeia de Alvoeira, da freguesia de Mouronho, o assalto à capela de Nossa Senhora das Neves, destruiu todas as Imagens em pedra de Ançã, fazendo desaparecer as cabeças».

Na antevéspera da disposição das tropas francesas na margem direita do rio Côa entre as Pladas e o Gravato, o Capitão Jaques e a sua companhia fazendo uma sortida rápida assaltaram a Sé catedral da Guarda onde saquearam tudo o que puderam e fosse de fácil transporte - desde cálices em ouro e prata a candelabros até as hóstias já consagradas não foram poupadas. Alguns soldados mais gananciosos e ignorantes, pensando que as figuras de talha dourada do altar mor fossem de ouro maciço não se coibiram de as decapitar, guardando umas delapidando outras.
Os saques das aldeias vilas e cidades, são transportados em dezenas de burros, mulas e carros de bois, levando à corda as ovelhas, cabras, até coelhos e cães.
Por seu lado, as populações cumprem as ordens do general Wellington, transmitidas pelas Milícias Portuguesas de abandonarem as casas e de se refugiarem nas serras, levando tudo o que possam, destruindo ou escondendo tudo o que fica.

O Manuel José Tate e o Domingos Tate, encarregam-se de organizar as milícias que, alimentadas nos últimos dias à base de azedas, meruge e rosas de Nossa Senhora e acoitados pelas moitas do Cabeço Calvo lá se vão aguentando. Seguindo pelo Ribeiro Dindinho atravessam a Fonte Fria e os Ameais descem a Devesinha e surpreendem a comitiva do Capitão Jaques e do seu subalterno Michel Platini, quando estes em fuga na direcção do quartel general, sediado em Alfaiates fazem ainda uma última sortida pelo Ozendo, que ficando no caminho em retirada, parece ser uma aldeia com abundância de víveres. Enquanto isso, o José Manuel Antono e o Chitas, chacinavam dois miltares franceses que andando perdidos, de bruços saciavam a sede na nascente do Galgorricho quando estes  em reacção, se preparavam para disparar os arcabuses...
                                                                                                                   Por: Cadc
                                                                                 (Continua...)